Câmara quer cortar 10% das isenções fiscais até 2027
- Detalhes
- Categoria: Notícias

Comissão propõe reduzir benefícios tributários que já custam R$ 800 bilhões por ano — quase 6% do PIB brasileiro
A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou, em 15 de outubro, o relatório do deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE) que propõe redução linear de 10% nos benefícios tributários concedidos pela União.
O corte será dividido em 2 etapas: 5% em 2026 e 5% em 2027. Ou seja, este corte será gradual nas renúncias fiscais do governo.
A proposta dará origem a um projeto de lei complementar (PLP) que deverá ser apresentado nos próximos dias. O texto estabelece ainda limite de cinco anos para novas isenções e um teto de 0,2% do PIB para o total de benefícios concedidos anualmente.
Isenções equivalem a quase 6% do PIB
Segundo o relatório, o Brasil gasta cerca de R$ 800 bilhões por ano com incentivos e renúncias fiscais — o equivalente a quase 6% do PIB (Produto Interno Bruto).
Este valor é muito superior à média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que mantém os gastos em torno de 5% do PIB.
Esses benefícios somam montante semelhante ao que o País destina anualmente à saúde e à educação somadas, e quase o dobro das isenções concedidas em 2013, quando o total girava em torno de R$ 400 bilhões.
“Os benefícios cresceram sem controle e sem avaliação de resultados. O Brasil precisa racionalizar esse sistema”, disse Benevides, segundo a Agência Câmara.
Regras mais rígidas para novos incentivos
O texto também proíbe o governo federal de conceder novos incentivos financeiros ou creditícios, bem como de prorrogar os existentes, a menos que haja compensação equivalente.
As exceções ficam para MEI (microempreendedores individuais), microempresas e empresas de pequeno porte, que continuarão com as regras atuais.
“O MEI, que fatura até R$ 82 mil por ano, está fora; a microempresa, até R$ 360 mil, também; e a empresa de pequeno porte, até R$ 4,8 milhões, igualmente”, afirmou o relator.
Concentração setorial e regional
O levantamento mostra que 10 setores concentram 85% das renúncias fiscais, com destaque para o Simples Nacional e o agronegócio. Mais de 60% dos benefícios estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste.
O deputado Merlong Solano (PT-PI) lembrou que a Constituição Federal, após emenda aprovada em 2021, determina a redução progressiva das isenções até o limite de 2% do PIB.
“Estamos em 6%. É um debate urgente sobre a eficiência e a justiça fiscal”, afirmou.
Exigência de transparência e avaliação
A proposta determina que novas isenções só poderão ser criadas após análise de impacto detalhada, com metas claras, indicadores de desempenho e avaliações periódicas a cada 5 anos.
Apenas leis específicas poderão destinar recursos a pessoas jurídicas, sempre em conformidade com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
