‘Cristianizado’ na votação em que recebera apenas 7 votos para vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), e se sentindo traído pelo presidente da República Jair Bolsonaro (PL), o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), entregou, na manhã desta quarta-feira (15), o cargo de líder do governo no Senado Federal.

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Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), agora ex-líder do governo Bolsonaro | Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A decisão ocorre 1 dia depois de o senador ter sofrido derrota acachapante na votação do Senado para eleição de ministro para vaga aberta na Corte de Contas, com a saída do ministro Raimundo Carreiro, que foi indicado embaixador do Brasil em Portugal.

Terça-feira (14) à noite, os senadores escolheram o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) para ocupar a vaga do ministro Raimundo Carreiro, que foi aprovado em novembro para o cargo de embaixador do Brasil em Portugal.

Como Carreiro havia sido indicação do Senado, a vaga deve ser preenchida pela mesma origem.

Vitória de Anastasia
O senador mineiro, que recebeu o apoio do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recebeu 52 votos. Segunda colocada na disputa, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) foi escolhida por 19 parlamentares, enquanto Bezerra obteve apenas 7 votos.

Pela votação inexpressiva, ficou evidente, então, para o líder do governo, Fernando Bezerra, que fora abandonado pelo Planalto na disputa.

“Entreguei nesta manhã o cargo de líder do governo no Senado. Formalizei o pedido ao presidente Jair Bolsonaro a quem agradeço a confiança no exercício da função”, escreveu na nota publicada no perfil oficial dele no Twitter.

Bezerra era líder do governo no Senado Federal desde fevereiro de 2019 e foi o principal defensor do Palácio do Planalto na CPI da Covid-19 na Casa, mas não contou com envolvimento do presidente na tentativa dele de conseguir a vaga no TCU.

Opção por Anastasia
O senador mineiro venceu por amplíssima maioria, porque era o mais tinha condições de vencer e era o mais confiável para o Planalto, num processo de exclusão pelo governo. Daí o presidente da República ter abandonado Fernando Bezerra, que era o que tinha menos condições de êxito na disputa.

Ao mesmo tempo em que a senadora Kátia Abreu foi excluída pelo governo, porque o suplente dela é do PT. Então só restou Anastasia.

A chateação de Fernando Bezerra é porque também não foi avisado da opção de última hora do Planalto. Perdeu o governo, que terá dificuldades de alçar novo líder com a capacidade de articulação que tem o pernambucano na Casa.

Vocábulo
‘Cristianização’, na política brasileira, é a situação em que o candidato perde o apoio do partido, que passa a apoiar outro com mais chances de vitória numa eleição.

O termo, que entrou para o vocabulário da política nacional, deriva de Cristiano Machado, que se candidatou à Presidência da República em 1950 pelo PSD.

Ao longo da campanha, embora formalmente apoiado pelo partido, Machado viu-se abandonado pelos principais líderes, que passaram a defender a candidatura de Getúlio Vargas, do PTB, que acabou vencendo a eleição.

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