Justiça proíbe demissão na Ford em fábrica de Camaçari (BA)
- Detalhes
- Categoria: Notícias
A Justiça do Trabalho concedeu, na noite da última sexta-feira (5), liminar que suspende a demissão coletiva de funcionários da Ford da fábrica de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. A decisão proíbe demissões até que o acordo entre a empresa e os funcionários seja encerrado. A decisão da Justiça foi a pedido do MPT (Ministério Público do Trabalho), “com farta documentação reunida pelo setor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos nos autos”, divulgou a entidade sindical.
Presidente do Sindicato, Júlio Bonfim fala em ato da categoria em frente à fábrica da Ford em Camaçari (BA)
“Nosso objetivo é garantir um acordo justo de indenização aos funcionários, que não podem simplesmente ser demitidos de forma arbitrária. Então, essa decisão garante que as demissões só poderão ser feitas depois de um acordo assinado. Isso é fundamental para assegurar uma negociação equilibrada e que viabilize tudo o que os trabalhadores têm direito após 20 anos de dedicação à empresa”, explica Júlio Bonfim, presidente do Sindicato.
Leia mais:
Sindicato convoca trabalhadores da Ford para assembleia na segunda (8)
Justiça do Trabalho da Bahia proíbe demissão coletiva de funcionários da Ford
O juiz Leonardo de Moura Landulfo Jorge, da 3ª Vara do Trabalho de Camaçari, determinou que, durante as negociações e enquanto os contratos de trabalho estiverem em vigor, a Ford não poderá suspender o pagamento dos salários e das licenças remuneradas dos trabalhadores.
A empresa também não pode, segundo a decisão, praticar “assédio moral negocial, de apresentar ou oferecer propostas ou valores de forma individual aos trabalhadores, durante a negociação coletiva, devendo, caso seja do seu interesse, informar a coletividade das tratativas através de comunicados oficiais”.
Ainda de acordo com a decisão, o juiz determinou que, caso a liminar não seja cumprida, poderá ser aplicada uma multa de R$ 1 milhão por item descumprido, mais R$ 50 mil por trabalhador atingido.
Economia
Ford na Bahia | Foto: Reprodução | TV Bahia
A cidade que abriga o maior Polo Industrial da Bahia, Camaçari pode ter perda de 10% na arrecadação de receitas após o encerramento das atividades da fábrica Ford no Brasil.
O Polo Industrial de Camaçari completa, em junho, 43 anos de operação. Um dos maiores complexos industriais integrados do Hemisfério Sul, desempenha papel importante no setor produtivo do estado.
Em entrevista ao G1 em janeiro deste ano, o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo, contou que a cidade, que tem arrecadação anual de cerca de R$ 1,3 bilhão em impostos, perdeu R$ 30 milhões do ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e mais R$ 100 milhões do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da receita líquida com o fechamento da montadora de veículos.
Na ocasião, o prefeito Elinaldo informou que estava em busca de levar outra empresa do ramo automobilístico para a cidade. O governador da Bahia, Rui Costa, também afirmou que já procura a Embaixada da China para sondar investidores para assumir negócio no estado. No entanto, ainda não nenhuma confirmação ou algo definido sobre o assunto.
Além da perda de receita, o município vai registrar mais de 12 mil demissões. O gestor municipal também lembrou das pessoas que não trabalham em empresas relacionadas com a Ford, mas prestam serviços para os funcionários, como escolas, restaurantes e lojas do comércio local.
Polo Industrial
Polo de Camaçari, na região metropolitana de Salvador | Foto: Divulgação | Cofic
O maior Polo Industrial da Bahia foi instalado em Camaçari há 42 anos e aposta em tecnologia de ponta para se destacar no mercado. Segundo o Cofic (Comitê de Fomento Industrial de Camaçari), o faturamento era de mais de R$ 60 bilhões e gera 45 mil empregos diretos e indiretos.
Os números colocavam Camaçari como o 15° maior PIB (Produto Interno Bruto) industrial do país. O Cofic afirma que trabalha para atualizar os dados após o anúncio do fechamento da montadora de veículos.
Antes da saída da Ford, o polo tinha um faturamento anual de aproximadamente US$ 15 bilhões e as vendas para o mercado externo correspondiam a 30% do total das exportações baianas.
O Complexo Industrial respondia ainda por mais de 90% da arrecadação tributária dos municípios de Camaçari e Dias D´Ávila e por cerca de 22% do PIB da Indústria de Transformação do Estado da Bahia, de acordo com dados do Cofic.
As principais linhas de aplicação dos produtos petroquímicos e químicos são os plásticos, fibras sintéticas, borrachas sintéticas, resinas e pigmentos. Após transformados, os produtos químicos e petroquímicos resultam em embalagens, utilidades domésticas, mobiliário, materiais de construção, vestuário, calçados, componentes industriais (indústria eletrônica, de informática, automobilística e aeronáutica), tintas, produtos de limpeza (detergentes), corantes, medicamentos, fraldas, absorventes higiênicos, defensivos agrícolas e fertilizantes.
O Polo Industrial de Camaçari fabrica também automóveis, pneus, celulose solúvel, cobre eletrolítico, produtos têxteis (poliéster), fertilizantes, equipamentos para geração de energia eólica, bebidas, dentre outros, oferecendo ainda ampla gama de serviços especializados às empresas instaladas em sua área de influência. (Com G1 BA e Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari)