A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados realiza, nesta terça-feira (4), audiência pública, a partir das 14h, para debater a contratação pelo Banco do Brasil da Cobra/BBTS, com a consequente dispensa das 117 empresas terceirizadas responsáveis pela recuperação de crédito do BB.

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Apesar de seguidas derrotas na Justiça, o Banco do Brasil continua se movimentando para transferir suas operações de recuperação de crédito, hoje conduzidas por 117 empresas de cobrança extrajudicial, que operam no segmento de dívidas vencidas a partir de 61 dias, abaixo de R$ 400 mil. O banco pretende trocar essas empresas por sua controlada Cobra/BBTS.

No entanto, uma última decisão proferida pela 3ª Vara Civil da Comarca de Campo Grande, foi deferida liminar que suspende a contratação direta pelo Banco do Brasil da Cobra Tecnologia de empresas para fornecimento de mão de obra.

Diante da 4ª derrota no Judiciário, o BB promoveu renovação emergencial nos contratos das 117 empresas, por tempo indeterminado “até que se resolva definitivamente a questão judicial”, segundo o banco.

Tal situação, ainda que permita às empresas continuarem operando por ora, gera intensa insegurança jurídica e econômica, uma vez que as empresas não sabem até quando.

Suspeitas que pairam sobre a operação
O processo teve início em abril deste ano. Em dezembro de 2017, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), anunciou em alto e bom som que o “call center do BB geraria 5 mil empregos em Salvador”

Mas, como destacam os representantes das empresas envolvidas na disputa, como poderia o prefeito saber do fato em 2017, se as licitações só aconteceram em 2018?

Outro aspecto a ser considerado é que a concentração dos serviços realizados em âmbito nacional, serão centralizadas em apenas 1 empresa, solapando de forma contundente os esforços realizados pelo governo tendo em vista a recuperação da economia via oferta de novos postos de trabalho. Da forma como vem sendo conduzida, a operação do BB comprometerá 5 mil postos de trabalho diretos e cerca de 25 mil indiretos.

A operação das 117 empresas está presente em todos os estados do território nacional. A Cobra pretende concentrar o processo de recuperação apenas nas praças de Salvador, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A concentração aumenta o risco do banco e gera mais desigualdade.

Custo benefício
O banco alega diminuição de despesas, mas as empresas operam em regime de success-fee, ou seja, assumem todo o risco e despesas operacionais e são remunerados com base nos créditos recuperados.

As empresas operam sob metas estabelecidas pelo próprio Banco do Brasil; a Cobra/BBTS não terá metas, eliminando o principal fator considerado na recuperação do crédito: se não recupera não tem receita. Isso requer investimento em treinamento, engajamento e estratégia.

As empresas assumem todo o ônus da operação: instalações, insumos, mão de obra, treinamento. A empresa contratada pela Cobra/BBTS para suprir mão de obra estava operando num prédio do BB, em Salvador, portanto, transferindo ao banco as despesas de operação, entre elas energia, água, instalações.

Segundo fontes do mercado, a controlada Cobra Tecnologia/BBTS é ineficiente do ponto de vista financeiro, opera com prejuízo e tem restrição de crédito em várias comarcas do país.

“Esses ingredientes comprometem sua capacidade econômica e financeira, e violam explicitamente as cláusulas contratuais impostas pelo próprio BB. Sobretudo, viola regras da própria CVM”, conforme detalharam representantes da associação das empresas de recuperação de crédito.

Os empresários consideram que essa troca fere os princípios basilares da gestão pública, que são a transparência, competitividade, regras claras e disponíveis ao conjunto da sociedade, isonomia e livre iniciativa.

No conjunto, essas 117 empresas que operam na recuperação de crédito para o Banco do Brasil já recuperam R$ 300 milhões/mês para o banco. Em 2017, a recuperação foi da ordem de R$ 3,1 bilhões, que correspondem a aproximadamente 26% do lucro anual do BB.

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