A senadora Marta Suplicy (SP), agora, ex-MDB, é mais uma baixa para o pleito de outubro. Ela informou e a mídia repercutiu, que saiu do MDB e também não vai tentar a reeleição para o Senado. E mais ainda que vai deixar a política partidária-institucional, pois entende que a falta de ação do Congresso em relação a pautas consideradas prioritárias por ela — como o combate à desigualdade, direitos de cidadania das mulheres e da população LGBTI — levou-a a decidir por atuar futuramente por outros meios.

senadora marta suplicy
A senadora Marta Suplicy durante discurso na tribuna do Senado no dia 10 de julho | Foto: Jefferson Rudy |Agência Senado

Ele disse estar desencantada com a política institucional que, em sua avaliação, está afundada em fisiologismo e não consegue mais dar respostas às demandas da sociedade. “A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável 'toma lá, dá cá', afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado”, afirmou, em uma "Carta aos paulistas”, repercutiu o jornal Valor Econômico.

Especula-se que o MDB negou-lhe legenda para disputar a reeleição ao Senado, a fim de força-la a aceitar ser vice de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazendo e candidato presidencial do partido.

Antes de ingressar no MDB, em 2015, Marta foi filiada por 33 anos no PT. Quando deixou o partido, afirmou que o PT era reincidente em casos de desvios éticos e que se sentia constrangida com o "protagonismo" da legenda em “um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou”.

A senadora foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004 e tentou voltar ao cargo nas eleições de 2004, 2008 e 2016, mas foi derrotada. No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ministra do Turismo e na gestão seguinte, de Dilma Rousseff, comandou o Ministério da Cultura. Em 2014, defendeu em 2014 o movimento “Volta Lula”, para impedir a reeleição de Dilma Rousseff.

Marta desgastou-se com Lula ao tentar ser candidata a prefeita em 2012. O ex-presidente, no entanto, preferiu Fernando Haddad. Na eleição seguinte, em 2014, também foi preterida pelo partido, quando pretendia disputar o governo de São Paulo, mas a legenda escolheu o ex-ministro Alexandre Padilha.


CARTA AOS PAULISTAS

Muitas vezes, vi-me em tempos de travessia. Em alguns deles, acreditei ter luzes no outro lado do rio. Agora, com toda a energia necessária para continuar remando, tomei a decisão sobre o futuro da minha vida política, encarando a realidade de frente, para poder seguir com coerência, ousadia e coragem.

Anuncio que não concorrerei à reeleição a senadora da República pelo Estado de São Paulo e comunico a minha desfiliação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Não é novidade que os partidos políticos brasileiros, de forma geral, encontram-se fragilizados, acuados e sem norte político. Não mais conseguem dar respostas à crise de credibilidade que se abateu sobre eles e nem tampouco estão empenhados na mudança de posturas que os levaram à mais grave crise de suas histórias. Orientam suas movimentações políticas pela lógica exclusiva de fazerem crescer suas bancadas parlamentares com o objetivo perverso e mesquinho de fortalecerem-se na divisão e loteamento de cargos e espaços de poder.

A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável “toma lá dá cá”, afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado.

O Congresso Nacional, hoje, na sua maioria, não tem se colocado a favor das causas progressistas, fundamentais para o avanço da sociedade. Ao contrário, tornou-se refém de uma agenda atrasada dos costumes da sociedade, negando-se a reconhecer e a regulamentar as relações entre as pessoas de forma a contemplar as diversidades das sociedades modernas e a respeitar os direitos individuais do ser humano.

Quero agradecer aos 8,3 milhões de paulistas que me deram a oportunidade de, nos últimos 8 anos, trabalhar como senadora defendendo as bandeiras que me levaram à vida pública: o combate às desigualdades e às injustiças sociais, a militância pelos direitos de cidadania das mulheres e da população LGBTI e pela igualdade de oportunidades para todos.

Neste momento, creio que poderei contribuir mais para mudanças atuando na sociedade civil do que continuando no parlamento. Permanecerei participando politicamente da vida pública brasileira. A partir de 2019, não mais como parlamentar, mas em todas as trincheiras que me levem ao lado da defesa dos interesses dos mais pobres, dos injustiçados e na luta pelo empoderamento das meninas e das mulheres.

Estou convencida de que o Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento estruturado que abranja setores fundamentais para o crescimento do país. Temos de aumentar, significativamente, a produção e a riqueza. Isso possibilitará todo brasileiro e toda brasileira terem educação de qualidade, saúde, segurança e um emprego para trabalhar e viver com dignidade.

São Paulo, 3 de agosto de 2018.

Senadora Marta Suplicy


Nota do MDB

Leia abaixo a íntegra da nota do MDB:

O presidente do MDB, senador Romero Jucá, confirma o pedido de desfiliação da senadora por São Paulo, Marta Suplicy, que sai por motivos pessoais. Os dois se falaram há pouco pelo telefone. O partido lamenta, mas respeita a decisão da senadora. Pessoalmente, o senador afirma "ter carinho e respeito por toda sua trajetória ao longo dos anos na vida pública e política do País". A senadora estava filiada ao MDB desde setembro de 2015.

Nós apoiamos

Nossos parceiros