Depois da Ford, que fechou 3 fábricas, encerrou suas atividades no Brasil e demitiu 6 mil operários, outras empresas seguem o mesmo trágico caminho — o que enterra as bravatas do ministro Paulo Guedes sobre a “retomada em V” da economia. Agora, 3M e Zara anunciam o fechamento de unidades de trabalho.

Altamiro Borges*

altamiro borges miroSegundo notinha da Folha, publicada na sexta-feira (22), “a multinacional 3M anunciou que irá fechar sua fábrica em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, até o meio do ano. Com isso, 120 funcionários serão demitidos. A produção local, voltada ao segmento odontológico, será transferida para Sumaré, também no interior paulista”.

Em nota, a multinacional estadunidense disse que o fechamento da fábrica decorreu da reestruturação interna. “A 3M avalia constantemente seus negócios para garantir que está alocando recurso para as melhores oportunidades possíveis”, explicou em nota lacônica. Mas é evidente que também pesou na decisão a perda de confiança na economia brasileira.

Rede varejista fecha 7 lojas
Já a rede varejista de moda Zara, do grupo espanhol Inditex, anunciou na semana passada que vai fechar 7 lojas no Brasil. O número representa 10% do total dos espaços físicos que a multinacional mantém abertos no país. A Zara já vinha adotando uma estratégia de digitalização do seu comércio, o que se acelerou com a atual crise sanitária e econômica.

Em junho passado, a Inditex, maior varejista de roupas do mundo e dona das redes Zara e Massimo Dutti, sofreu o seu primeiro prejuízo trimestral como empresa de capital aberto e anunciou o fechamento de 1.200 lojas no mundo como parte do projeto para impulsionar as vendas online.

As lojas fechadas no Brasil são as menores da rede no País e “não comportam o que a empresa chama de estrutura tecnológica necessária para unir os canais físicos com os online”. Com a nova estratégia, algumas cidades deixarão de ter o atendimento presencial — Campo Grande (MS), Joinville (SC), São José (SC), Uberlândia (MG), São Bernardo do Campo (SP) e Vila Velha (ES).

Honda Motos suspende produção
Já a Honda Motos suspendeu na sexta-feira (22) sua linha de produção em Manaus por 10 dias, de 25 de janeiro a 3 de fevereiro. A paralisação ocorre, segundo a empresa, por causa da falta de insumos para a produção e devido ao agravamento da pandemia no estado do Amazonas. O anúncio assustou os operários, que temem pelo pior — da suspensão virar demissão.

Em comunicado, a multinacional garantiu que os funcionários entrarão em férias coletivas. Mas o desabastecimento da cadeia produtiva é um gargalo sério que abala a indústria no país. Estudo da Confederação Nacional da Indústria, realizado em outubro passado, mostra que 68% das empresas estavam com dificuldades para fazer estoques, obter insumos e matérias-primas.

Na “Sondagem CNI”, que ouviu 27 setores das indústrias de transformação e extrativa, 68% das indústrias relataram obstáculos para obter matérias-primas no mercado doméstico, enquanto 56% das companhias que utilizam insumos importados com frequência estavam com dificuldades de aquisição no mercado internacional.

A pesquisa mostrou, ainda, que 44% das empresas consultadas estavam com problemas para atender aos clientes. As principais razões para a dificuldade de atendimento foram falta de estoques, demanda maior que a capacidade de produção e incapacidade de aumentar a produção.

(*) Jornalista. É coordenador do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé

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