Mito
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A destruição, ou a percepção desse mito, pode vir com o tempo, o que gera desgaste, atraso e pode prejudicar grupo imenso de pessoas, uma nação em desenvolvimento, um País inteiro.
André Santos*
O imaginário popular ou inconsciente coletivo de parcela da população criou — para justificar a indignação com vários problemas sociais que assolam o País e que atravancam o bom andamento da solução desses anseios sociais — um mito. Neste caso, esse mito, simboliza a perspectiva de combate à corrupção alimentada por um Estado ineficiente, estruturado para atender as demandas de uma elite atrasada e ávida para ampliar seu poder econômico e político, em detrimento de uma população carente que vende o voto em troca da conta paga na mercearia, que se corrompe ou corrompe o Poder Público e o servidor público para conseguir uma consulta no SUS mais rápida para resolver graves problemas de saúde.
Essas pessoas que idealizaram esse mito são vítimas de mitos anteriores, que prometeram a redenção e apresentaram soluções fáceis para os problemas complexos de uma sociedade recheada de contradições. São cidadãos que na angústia de solucionar seus mais agudos problemas se abraçaram com o primeiro discurso moralista e de soluções fáceis que lhes foi ofertado.
A destruição, ou a percepção desse mito, pode vir com o tempo, o que gera desgaste, atraso e pode prejudicar grupo imenso de pessoas, uma nação em desenvolvimento, um País inteiro. Os problemas que todos enfrentam não são de soluções simples. Há uma complexidade por trás de cada um e não se deve tentar cortar caminho para buscar a saída mais rápida, simplesmente porque não existem essas saídas mais rápidas e fáceis.
Podemos analisar os mitos e verificar a sua capacidade, como tal, de forma empírica, sem paixões e ilusões, sem o sentimento individualista. E se comportando como cidadão, cumprindo o papel social na orientação racional do indivíduo como ser pensante.
Para quem é ovacionado como mito e já tem comportamento social desenhado, e, além disso, comprova suas ações por ocupar cargo público eletivo por mais de 2 décadas, fica mais fácil de analisar e ver o verdadeiro mito por trás das soluções fáceis e rápidas propostas por esse indivíduo recheadas de poderes e soluções mágicas para a uma sociedade machista, homofóbica, racista, carente e desigual.
Afinal, o que esse mito já fez por você? Podemos observar algo que dê rumo na sua atuação, como por exemplo, o comportamento em votações recentes no Congresso Nacional, que dizem respeito a políticas pública que vão, invariavelmente, te afetar.
A Emenda Constitucional 95/16, que trava investimentos nas principais áreas do governo, como saúde, educação, saneamento, pesquisa, etc. Qual foi a posição do mito? Foi favorável à medida. A Lei 13.467/17, conhecida como Reforma Trabalhista, que retirou direitos dos trabalhadores, enfraqueceu as organizações de classe do setor sem dinamizar a economia e gerar emprego como os defensores de tal medida defendiam. Qual foi a posição do mito? Foi favorável à essa medida.
Ainda dando continuidade em nossas avaliações, o mito apresenta proposta alternativa para a tradicional Carteira de Trabalho. Em seu programa, a nova carteira recebeu o apelido de “Carteira Verde e Amarela”. A proposta se configura em abandono da legislação atual para manter as regras ainda mais flexíveis e o trabalhador a mercê do empregador. Ou seja, uma terra sei lei.
Voltando ao tema corrupção, que tem sido o centro dos debates na atualidade, as leis que proporcionaram maior autonomia aos órgãos de controle e a legalidade para atuação mais contundente no combate a corrupção não tiveram a autoria de nenhum mito.
Ou seja, é preciso racionalizar a questão do voto, valorizar a política, aprender sobre as instituições, pesquisar sobre os candidatos e amadurecer socialmente, civicamente e politicamente.
O que é mito?
Personagem, fato ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que se deve admitir. É coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real. Isto é, mito é mais desejo que realidade. É subjetividade e não objetividade.
Afinal, que Brasil você quer para o futuro?
(*) Analista político do Diap e especialista em política e representação parlamentar