Frente ampla para eleição ao Congresso Nacional em 2026
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- Categoria: Agência DIAP
A formação dessas frentes amplas tem se consolidado como estratégia indispensável em cenários de elevada polarização política.
Neuriberg Dias*
No Brasil, essa abordagem foi determinante nas eleições de 2022, que levou Lula (PT) ao cargo de presidente pela terceira vez, ao unir forças políticas diversas em torno de objetivo comum, que foi derrotar o extremismo de direita, representado naquele momento, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Contudo, essa frente ampla precisa ser mantida não apenas como estratégia eleitoral para eventual reeleição, mas também como forma de consolidar base sólida de apoio no Congresso Nacional — Câmara e Senado.
Em cenário de fragmentação partidária e intensa disputa pela hegemonia no Congresso Nacional, que conta com 21 legendas, com representação na Câmara, e 12 no Senado, a formação de frente ampla será fundamental.
Essa estratégia precisa ser feita tanto para melhorar a representação parlamentar, equilibrar as forças políticas e aprimorar a relação com o Poder Legislativo, especialmente no Senado Federal.
Este, por sua vez, deverá ser alvo prioritário do bolsonarismo, que buscará ampliar a bancada para a disputa de 2026, com objetivos, pode-se dizer não republicanos.
Crescimento das forças de centro e de direita
A necessidade de frente ampla no Parlamento torna-se ainda mais evidente diante da posse dos candidatos eleitos, nas recentes eleições municipais, que sinalizaram o crescimento das forças de centro e de direita.
Em que além da expressiva reeleição dos candidatos, houve ainda o crescimento de candidatos com perfil conservador nas câmaras de vereadores e prefeituras em todo o País.
Na Câmara dos Deputados, composta por 513 cadeiras, a taxa de renovação nas eleições de 2022 foi de 44,24%, segundo dados DIAP. Desses 513, 446 buscaram a reeleição, e 287 foram bem-sucedidos, o que resultou em taxa de sucesso de 64,34%. Foram eleitos 226 novos deputados.
Esses números mostram cenário desafiador, sobretudo devido à fragmentação partidária e à concorrência por reeleição.
A disputa tende a ser menos acirrada em relação ao Senado, dependendo do número de recandidaturas de deputados federais que buscam a renovação dos mandatos, que atualmente dispõe de vantagens em relação aos demais candidatos, como o Fundo Partidário e o chamado orçamento impositivo destinado às bases eleitorais dos representantes.
Renovação do Senado
No Senado Federal, onde 1/3 das cadeiras — 27 vagas — estava em disputa, em 2022, a renovação foi ainda mais significativa, tendo atingido 81%.
Dos 13 senadores que tentaram renovar os mandatos, apenas 5 foram reeleitos: Omar Aziz (PSD-AM), Davi Alcolumbre (União-AP), Otto Alencar (PSD-BA), Wellington Fagundes (PL-MT) e Romário (PL-RJ).
Por outro lado, o Senado tende a ser o palco de maior disputa entre candidatos governistas e opositores bolsonaristas, que têm aumentado a bancada nos últimos pleitos.
Viabilidade da agenda
Diante desse cenário político marcado, ainda, pela polarização encarniçada e pelo fortalecimento de forças oposicionistas, a manutenção e ampliação de frente ampla para eleger deputados e senadores do campo progressista se revelam cruciais para o governo Lula.
Não apenas como forma de assegurar a governabilidade, mas também como condição indispensável para viabilizar a agenda social, sindical e popular.
(*) Jornalista, analista político e diretor licenciado de Documentação do Diap. É sócio-diretor da Contatos Assessoria Política.