O que orienta o voto consciente é a capacidade de o eleitor identificar, com discernimento, se o candidato é honesto (ético); conhecer sua história. É preciso ainda examinar seu programa ou plataforma; saber o que pensa e o que pretende se eleito; e também procurar saber quem são seus doadores de campanha.

Antônio Augusto de Queiroz*

Nestas eleições, assim como deveria ter sido nas anteriores, o exercício da cidadania, mediante o voto, deve sempre acontecer de forma consciente. Os recentes episódios de corrupção eleitoral nos planos federal, estadual e municipal reforçam esta convicção. Assim, os eleitores devem priorizar candidatos que tenham ou reúnam as credenciais e as recomendações apontadas neste texto.

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O voto consciente é um importante instrumento para evitar os escândalos, que criam desilusão e afastam os eleitores do exercício do direito de votar, além de ser fundamental para eleger cidadãos com visão republicana e vocacionados ao exercício de mandatos e da liderança política. A omissão das pessoas conscientes e corretas nas disputas eleitorais faz com que políticos inescrupulosos sejam eleitos e coloquem seus interesses particulares, e de grupos, acima dos interesses coletivos.

Os candidatos devem merecer o apoio e voto por seus compromissos de campanha, inclusive os que já detêm mandato, por suas gestões, atitudes, comportamentos e votos no exercício das funções públicas. Atributos físicos, boa oratória ou distribuição de favores, bens ou dinheiro não podem, nem devem orientar o voto consciente.

O voto deve ser livre, soberano, independente e recair sobre pessoas que os eleitores consideram capacitadas técnica, ética, política e moralmente para representá-los, tanto no Congresso Nacional (Câmara e Senado) e nas assembleias legislativas — onde terão a missão de fazer leis, fiscalizar a aplicação do dinheiro dos impostos e formular políticas públicas — quanto no Poder Executivo (Presidência da República ou nos governos estaduais), administrando o orçamento em favor da população.

Por isso, antes do ato de votar, que consiste em entregar a outras pessoas o direito de decidir em seu nome, o eleitor precisa:

1) saber se o candidato é honesto;

2) conhecer a história dele, o candidato;

3) examinar seu programa de governo ou plataforma de campanha;

4) saber o que ele pensa e o que pretende fazer depois de eleito; e

5) procurar saber quem são seus doadores de campanha.

Para bem escolher seu candidato, é preciso ter cuidado na seleção das fontes de consulta. Existem vários portais na internet — a serviço do poder econômico, mas que se apresentam como defensores da cidadania, do civismo e do interesse público — elaborando ranking político e enaltecendo apenas aqueles candidatos — novos ou que tentam a reeleição — identificados com o ideário neoliberal ou liberal-fiscal.

Na procura por informações sobre os candidatos, priorize fontes confiáveis, como os portais oficiais da Câmara e do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral e/ou de entidades da sociedade civil, como o da Transparência Brasil, do Movimento Basta, do Poder360, do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, do Congresso em Foco, do DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), do Voto Consciente, do PACS (Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), do Cfemea (Centro Feminista de Estudo e Assessoria), das centrais sindicais e de outras organizações comprometidas com os interesses coletivos e a justiça social no País.

Procedendo deste modo, cada cidadão dará sua contribuição para estimular a participação política e eleitoral, para a difusão da consciência política, para o resgate da política e para o aprofundamento dos pilares da democracia, além de contribuir para a renovação qualitativa da nossa representação, elegendo ou reelegendo aqueles que têm vocação para o exercício da política e para a defesa do interesse coletivo.

Este texto teve por base as cartilhas, de nossa autoria, com os títulos: “Eleições Gerais 2018: orientação a candidatos e Eleitores” e “Sistema Político e suas instituições”, ambas editadas pelo DIAP.

(*) Jornalista, analista político, consultor e diretor de Documentação do Diap

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