DIAP: governo não tem votos para aprovar ref. previdenciária
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- Categoria: Agência DIAP
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, na última quinta-feira (23), o diretor de Documentação do DIAP, Antônio Augusto de Queiroz enumerou as razões das dificuldades, neste momento, para o governo aprovar a reforma da Previdência. Mesmo a proposta "enxuta" apresentada na última quarta-feira (22), aos membros da base aliada, no Palácio do Planalto.
Para Queiroz, dois elementos pesam contra. O primeiro é a percepção de que a reforma não produz efeito no curto prazo. “Deputado sabe que não vai faltar dinheiro para a aposentadoria na semana que vem se ele não votar a reforma hoje”, disse. “Aprovação agora pode fazer diferença do ponto de vista das expectativas do mercado. Mas do ponto de vista real, tanto faz votar agora ou em 2019. Então muitos tendem a deixar esse desgaste para depois”, explicou.
O outro motivo é o acúmulo de desgaste sofrido pelos apoiadores de Michel Temer. “Já votaram muita pauta impopular: teto de gastos, Reforma Trabalhista, salvação do Temer. Então há o sentimento de que já deram a cota de sacrifício.” Para Queiroz, eventuais mudanças no ministério tendem a ser recebidas mais como “pagamentos de faturas” de votações passadas do que compromisso por mais apoio nas próximas votações. Leia matérias completas: terça e quarta (24)
Nova proposta do governo
O governo encaminhou nova proposta de reforma ao Congresso na última quarta-feira (22). No texto, o Planalto fez ajustes, “enxugou” o substitutivo aprovado pela comissão especial, no dia 3 de maio.
A proposta (Emenda Aglutinativa Global) tem basicamente 3 pontos: 1) equiparação das regras do setor público e do setor privado, 2) instituição (manutenção) de idade mínima de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres, e 3) manutenção de regra de transição por 20 anos (durante os quais seria possível se aposentar abaixo da idade mínima).
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Tensionamento, pressão e mobilização
A despeito das dificuldades do governo em aprovar a proposta, os servidores e suas organizações não devem “baixar a guarda”. É preciso manter o tensionamento e pressão sobre os deputados. E também a mobilização para evitar surpresas de última hora.
Isto porque o governo dispõe de muitos recursos de poder para convencer e mobilizar a base aliada: orçamento, cargos para barganhar e outros benesses para tentar agradar os deputados, a fim de que votem segundo os interesses governistas. Sem falar na pressão do mercado, que tem grande poder midiático.