Compras on-line: jornalista vive drama de quem trabalha com entrega de mercadorias
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“Não é fácil a vida dos trabalhadores que entregam mercadorias compradas pela internet”, começa o relato do jornalista e escritor Luís Alberto Silva, que acaba de lançar livro sobre a luta dos trabalhadores que atuam com entregas de mercadorias compradas pela internet.
“É algo que lembra a época da Revolução Industrial na Europa”, compara o escritor ao lembrar das longas jornadas laborais, sem direito algum, sob pressão diária exercida por clientes e patrões.
Mesmo diante da gigantesca revolução tecnológica do século 21, esta realidade mostra que houve regressão nas condições e relações de trabalho. Trabalha-se mais, ganha-se menos e sem direitos.
A atividade profissional é exaustiva, conforme vivenciou Luís Alberto, e inclui homens, mulheres, jovens e idosos.
“Precariado”
Esses trabalhadores estão à margem de todo esse desenvolvimento. São excluídos – é o que se chama nos tempos atuais de “precariado”.
No livro “Internet: pesadelo de quem trabalha entregando mercadoria comprada on-line”, o jornalista descreve o submundo desse difícil ambiente de trabalho, em que as pessoas têm muitas obrigações e praticamente nenhum direito. Apenas o de exercer a função igual a “burro de carga puxando a carroça, sob calor ou frio”, descreve o jornalista.
Entregues à própria sorte
Luís Alberto lamenta a falta de reconhecimento e valorização dos trabalhadores. “A maioria da população desconhece que esses trabalhadores autônomos, seja com motos, carros ou furgões, ganham a ‘mixaria’ de R$ 5 ou R$ 10 por pacote, não importa se pesa 10 gramas ou 60 quilos.”
E acrescenta: “Para obter um ganho de R$ 100 é preciso suar bastante entregando 10 mercadorias em qualquer região da cidade, debaixo de sol, chuva ou frio, às vezes até às 23h”, explica o jornalista no livro.
Experiência
Para escrever o livro, durante aproximadamente 40 dias, Luís Alberto mergulhou fundo nesse universo do trabalhador autônomo e “empreendedor”.
Ele vestiu a camisa, ou melhor, a capa desses profissionais, e percorreu as ruas de São Paulo, numa verdadeira aventura laboral.
“Ouvi xingamento de clientes nervosos”, disse. “Eles imaginavam que ainda estamos na época da escravidão”, descreveu. Ele também relata os olhares desconfiados dos próprios policiais, quando veem entregadores com vários pacotes de entregas, e das dificuldades básicas de quem trabalha na rua: sem acesso a banheiros ou água para beber.
Sobre o trabalho do entregar
O livro “Internet: o pesadelo de quem entrega mercadoria comprada on-line” pode ser adquirido no portal Hotmart.com.
“Depois dessa leitura, espero que você mude a maneira de pensar sobre as compras on-line”, ressalta o autor.
Luís Alberto Alves, além de jornalista, é editor do blogue Hourpress e autor dos livros “O flagelo do desemprego” e “Por que o meio ambiente é tão importante ao trabalhador”.